O medo de escrever




O que vou falar, na verdade, é meio patético. Talvez seja por isso que apaguei as primeiras frases deste texto diversas vezes, numa clara indecisão de como soar mais respeitável. Decidi, então, que a melhor saída é ser completamente sincera, mesmo que vivamos em um mundo cheio de filtros que tornam a verdade muito mais bonita do que ela realmente é. Mas, para alguns sentimentos, não há filtro que resolva e, por isso, sem mais delongas, digo: às vezes eu tenho medo de escrever.

Em minha defesa, avisei que seria meio patético, porque sou uma *escritora* e me reconheço como tal já faz algum tempo. Numa comparação, é como se um veterinário tivesse medo de animais. É irracional, ilógico, definitivamente bobo e muito incoerente. Quando estou ocupada na faculdade ou no estágio, penso em palavras jorrando de meus dedos num ritmo perfeito. Isso é tudo o que eu quero: que minhas palavras saiam espontaneamente toda vez que tiver um tempo livre. Eu quero terminar minhas novelas, noveletas, contos e livros. E, meu Deus, como eu quero que as coisas que eu amo não me deem medo.

A realidade é outra. Eu tenho todas essas ideias, personagens e cenários que só existem na minha cabeça. Ler e escrever são atividades tão boas que quase chegam a ser sagradas. Só que existe essa parte de mim que é exigente demais, perfeccionista demais, cruel demais. Não posso me esquecer da parte insegura, que me convence de que meus textos nunca serão tão bons quanto os imagino.Tudo isso é uma questão que, vez ou outra, me atinge. São dias que eu tenho que lembrar que o medo pode existir, contanto que não me paralise. E que, acima de tudo, se eu tenho medo é porque me importo. Importar vem do latim IN, de “para dentro” e PORTARE, de “transportar”. Gosto da interpretação de algo que carrego dentro de mim sempre, como é o caso das histórias e palavras. E, nessa perspectiva, sou sortuda por gostar da escrita a esse nível. 

Ah! E só para não deixar ninguém curioso neste texto-desabafo, existem algumas técnicas para vencer o medo da escrita. A que mais gosto é a de escrever como se ninguém fosse ler o que produzi. É, de uma maneira simplista, existir sem o outro para julgar. Funciona quase sempre, embora seja mais simples falar do que fazer. Outro conselho, que serve como complemento para o anterior, é não desistir. Mesmo quando o contador de palavras se move muito devagar ou permanece estático. Mesmo quando tudo parece ruim demais. Os atos de coragem começam com atitudes pequenas. E, por agora, é só colocar uma palavra atrás da outra...

(Eu confio na gente).

Um abraço e até a próxima,
Audrey


Comentários

  1. Não vou fingir que não li esse texto antes.... Mas ele continua sendo TUDO PRA MIM

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